Arte social – criação coletiva

COLETIVO DE ARTISTAS VISANDO PROMOVER NOVAS SENSAÇÕES E PROVOCAR ESTADOS MÚLTIPLOS DE LIBERDADE INTERIOR

quarta-feira, 6 de junho de 2012



O museu na lente do ARTIXX

Nenhuma obra de arte pode, atualmente, possuir a magia e a autoridade de uma obra-prima da Idade Média e do Renascimento, mas uma colagem irreverente que a desvia de seu sentido pode ter o valor de revelação incomparável para nossa época.
(Rainer Rochlitz, em ‘O desencantamento da arte, a filosofia de Walter Benjamin’. EDUSC, Bauru, SP, 1992)

O processo de ‘atualização’ da obra de arte por contínuas revisitações contextualizadoras proposto por Walter Benjamin provoca inúmeras ações entre nós, embasando o trabalho de muitos artistas, historiadores e críticos de arte, realizadores voluntários ou não desse fundamento.
Apontar movimentos significativos que contribuíram para a formação do pensamento atual é realizar uma tarefa atualizadora, o que, no pensamento do ARTIXX, é ação artística como tantas outras que se propõem realizar tal intento.
É em função dessa premissa que consideramos relevante e fundadora de perspectivas a iniciativa de ressaltar a década de 70 e seus protagonistas, artistas realizadores influentes e, portanto, formadores de pensamento em arte no futuro, tanto aqui no Paraná quanto no restante do país. Esse período político e econômico é fundamental para nós, tanto que os esforços revisitadores hão de ser, obrigatoriamente, prioridade para os que participam ou não do universo artístico produtor de artes visuais no Estado.
Entre os princípios de formação do Coletivo ARTIXX está a proposta de consolidar o entendimento dessa relação atemporal em que se encontram os fundamentos de todas as ações do coletivo, a partir do conceito de uma arte realizada entre pessoas, afirmando em seu Manifesto Fundador que “o ARTIXX é formado por uma comunidade de arte social que interage por meio da criação coletiva, da ação informal entre artistas e não artistas”*.
O museu, além de instituição necessária e eficaz de acúmulo dos saberes específicos, tem a obrigação de acompanhar esse vínculo da arte com o tempo, não somente no cuidado com a produção material, mas também com a imaterial, tornando-se promotor e facilitador da revisitação benjaminiana que pretende fortalecer a produção do pensamento e a ação artística sempre religada com o passado e sedimentadora do devir, ampliando assim as funções e estruturas de preservação da amostragem da obra de determinados artistas para a afirmação da história da arte paranaense, brasileira e internacional.
A dinâmica exigida para isso está indicada por momentos de encontro entre os produtores de todos os tempos que levam consigo o pensamento vivo, mesmo que em forma imaterial, mas tantas vezes em presença física e lúcida, que precisam fazer parte do acervo do museu, especialmente hoje, com a tecnologia disponível, que encantaria pessoas como Walter Benjamin.
O espaço físico do museu já está potencializado pelo edifício e seu corpo técnico dimensionado pelas demandas técnicas, porém carece, bem o sabemos, de estruturas de agilização e acessibilidade que atendam as demandas incessantes, sempre renovadas pela produção contemporânea, que tantas vezes inclui espaços além do museológico, para responder às indagações que os artistas estão a propor. O espaço físico se torna, muitas vezes, ineficiente, e esse é um dado concreto na produção contemporânea.
Acreditamos que essa é a nossa função neste momento e precisamos potencializar essa porta que o MON abre, esperando que o futuro consolide este e outros momentos de criação coletiva do pensamento do museu no Paraná. Por isso consideramos fundamental a estruturação das revisitações históricas atualizadoras como ação concreta e expandida do Museu Oscar Niemeyer.

*O Coletivo ARTIXX convida todos a visitarem o seu blog, a fim de manifestarem opiniões, ampliando o debate sobre o tema: http://artixxaoarlivre.blogspot.com

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