Arte social – criação coletiva

COLETIVO DE ARTISTAS VISANDO PROMOVER NOVAS SENSAÇÕES E PROVOCAR ESTADOS MÚLTIPLOS DE LIBERDADE INTERIOR

segunda-feira, 4 de abril de 2011

ADALICE MARIA DE ARAÚJO




ADALICE ARAÚJO

A principal intenção deste trabalho realizado coletivamente é propor a tarefa de registrar para a História a vida e obra de Adalice Araújo, posta aqui como desafio aos artistas, críticos de arte, historiadores, jornalistas, instituições e a todos aqueles que desejem emprestar seus talentos para uma retribuição de merecida justiça.

Professora, historiadora e crítica de arte, a também pesquisadora Adalice Araújo tem passagem extensa, brilhante e digna de reconhecimento por todos os paranaenses que promovem arte e cultura. Visionária,
é autora do projeto de implantação dos cursos de Arte e Design da UFPR. Foi disseminadora das artes nas páginas do jornal Diário do Paraná e depois na Gazeta do Povo, com a página de Artes Visuais. Fernando Bini – professor e crítico de arte –, em seu depoimento para o Dicionário de Artes Plásticas do Paraná, comenta o grande trabalho com o qual Adalice se dispôs a atuar em prol da divulgação da arte paranaense:

Assisti Adalice começar seu titânico trabalho de escrever semanalmente uma coluna (de uma página) em jornal curitibano, tornando acessível ao grande público as exposições e as obras de um número enorme de artistas, tanto nacionais como internacionais, dando sempre ênfase aos movimentos artísticos e aos artistas paranaenses.

Museóloga por inata vocação, esteve também à frente do Museu de Arte Contemporânea do Paraná. Entre tantas outras iniciativas relevantes, projetos e propostas, criou e organizou os Encontros de Arte Moderna na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, ampliando os horizontes da arte paranaense para aproximá-la do contexto da modernidade. Durante o longo período em que se dedicou aos jornais, conheceu os muitos caminhos que a arte paranaense percorreu, e nas tantas páginas escritas lançou novos artistas, hoje nomes conhecidos no circuito paranaense das artes.

Esta bela mulher, entusiasta pela arte, sensível, inteligente, generosa, corajosa e cheia de energia, esteve sempre à frente de seu tempo. Capaz de transpor limites, fazendo seu próprio caminho de militância em favor da arte e da liberdade, é um exemplo a ser seguido. Ainda na juventude, atravessou o oceano e aportou na Itália, lá se dedicando à arte, sua grande paixão. Quando regressou, revitalizou o meio artístico paranaense, colocando em prática junto aos alunos suas idéias inovadoras.

A expressão própria de Adalice, dada a tudo aquilo a que se dedica, transborda o imanente dos seus trabalhos em livros, jornais e mídias eletrônicas, até atingir a dimensão transcendente contida na vida das pessoas que amam incondicionalmente seu trabalho.

Carinhosamente tratada pelos artistas da década de 1980, como “Tia Dadá” (alusão ao revolucionário movimento Dadaísta). Ela tem orgulho de ser discípula direta de Guido Viaro, unanimemente considerado o “Pai” do Modernismo na Arte Paranaense e que, ao lado de Mariano de Lima e Alfredo Andersen, ostentam inegável responsabilidade criativa por toda a base formadora da Arte do Paraná.

Em entrevista concedida ao coletivo ARTIXX, Adalice se emocionou ao falar sobre o mestre: “Viaro realmente viveu a cidadania, ele deixou a consciência social nos alunos”. Ao exaltar os ensinamentos do artista, professor e mentor no engajamento pela arte e pela educação, e, sobretudo, sua sensibilidade em descobrir novos talentos e acreditar no potencial humano, ela se reafirma como sua herdeira legítima.

É autora do Dicionário de Artes Plásticas do Paraná, consistente publicação que engloba quatro significativos volumes e reúne considerável parte da produção artística local, com vasto retrospecto de nomes, verbetes e informações objetivas, tornando-se fonte de conhecimento indispensável a quem almeja conhecer a arte do Paraná e material obrigatório para se juntar às demais publicações da arte brasileira. Isso tudo a faz merecedora da tarefa que nos impusemos de registrar para a História a vida e obra dessa brasileira que temos o privilégio de ter como conterrânea, com a mesma atenção e carinho com que ela abraça todos os artistas paranaenses.

Trazer para a divulgação nos meios artísticos e históricos as personalidades que temos como credoras da construção do conhecimento é necessidade inquestionável. Principalmente quando elas podem dialogar conosco sobre todos os acontecimentos, pensamentos, sonhos e esperanças que formam os ensinamentos de pessoas especiais, para as atitudes concretas que nos levam a nos realizarmos como nação, por nos fazerem compreender as complexidades dos emaranhamentos das culturas, que expressam as possibilidades de humanização do mundo.

A Arte e a Vida nos importam como relações simbióticas aprendidas através daqueles que as misturam com coerência e que podem nos dar mostras do que é possível realizar. Diante dos dados biográficos de alguém como Adalice Araújo, temos consciência, tanto pela dimensão quanto pelo conteúdo dos seus trabalhos, de que estamos, neste pequeno texto a ela dedicado, apenas tangenciando sua obra e vida.

Como Adalice afirmou na entrevista, devemos tomar por método referenciar-se na arte paranaense, contextualizando-a no tempo dos acontecimentos em outros países, para compreendermo-nos a partir da nossa própria casa e entendermos, assim, o nosso papel no mundo. Ao agirmos dessa forma, conhecemos a nós próprios, invertendo uma lógica consagrada de referenciais externos, que pode até fazer sentido dentro do sistema de arte, ao dar conteúdo de mercadoria ao trabalho do artista, mas que não serve para dar sentido à expressão verdadeira do artista que deseja por essência realizar Arte.

Por sua abnegada generosidade e contribuição em favor da Arte, à extraordinária dedicação em quatro décadas de trabalho, coletando, mapeando e organizando a história da arte paranaense, o coletivo ARTIXX propõe aos que produzem cultura que daqui por diante a professora Adalice passe a ser considerada como Pioneira da Historiografia e da Crítica de Arte Moderna e Contemporânea no Paraná.

Le Corbusier escreveu que arte é aquilo que das atividades humanas não é o que serve, mas o que emociona.
Adalice emociona.

ARTIXX
http://artixxaoarlivre.blogspot.com
Curitiba, abril 2011.

Um comentário:

  1. Olá! Estou fazendo uam elvatamento de artistas negros no Estado do Paraná para tentar desenvolver a minha monografia. Como faço para adquirir o Dicionário da Adalice?
    Obrigada,
    silviapelizzer@hotmail.com

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